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Capítulo 36 de 42

1Depois Eliú prosseguiu nestes termos:

2“Espera um pouco e te instruirei. Tenho ainda palavras em defesa de Deus.

3Vou buscar longe a minha ciência, para justificar aquele que me criou.

4Pois minhas palavras não são certamente mentirosas e estás tratando com um homem de ciência sólida.

5Deus é poderoso, mas não é arrogante, é poderoso por sua ciência.

6Não deixa o ímpio viver, mas faz justiça aos oprimidos.

7Não tira seus olhos do justo e os faz assentar no trono com os reis, numa glória eterna.

8Se forem presos em grilhões e atados com os laços da pobreza,

9ele lhes fará conhecer as suas obras e as faltas que cometeram por orgulho.

10Abre-lhes os ouvidos para corrigi-los e diz-lhes que renunciem à iniquidade.

11Se escutarem e obedecerem, terminarão seus dias na felicidade e seus anos em delícias.

12Mas se não o escutarem, morrerão de um golpe e expirarão por falta de sabedoria.

13Os ímpios de coração são entregues à cólera e não clamam a Deus quando ele os aprisiona.

14Por isso morrem em plena mocidade e sua vida passa como a dos efeminados.*

15Mas Deus salvará o pobre pela sua miséria e o instrui pelo sofrimento.

16A ti também ele retirará das fauces a angústia, numa larga liberdade e no repouso de uma mesa bem guarnecida.*

17Mas tu te comportas como um malvado, com o risco de incorrer em sentença e penalidade.

18Toma cuidado para que a cólera não te inflija um castigo e que o tamanho do resgate não te perca.

19Acaso levará ele em conta teu grito na aflição e todos os esforços do vigor?

20Não suspires pela noite da morte, que arrebata os povos de seu lugar!

21Guarda-te de declinar para a iniquidade, e de preferir a injustiça ao sofrimento.

22Vê, Deus é sublime em seu poder! Que senhor lhe é comparável?

23Quem lhe fixou seus caminhos? Quem pode dizer-lhe: ‘Fizeste mal?’.

24Antes lembra-te de glorificar sua obra, que a humanidade celebra em seus cânticos.

25Todos os homens a contemplam, mas cada um a considera de longe.

26Deus é grande demais para que o possamos conhecer; o número de seus anos é incalculável.

27Atrai as gotinhas de água para transformá-las em chuva no nevoeiro.

28As nuvens espalham essas águas e as destilam sobre a multidão humana.

29Quem pode compreender como se expandem as nuvens e o estrépito que sai de sua tenda?*

30Espalha à sua volta sua luz e encobre as profundezas do mar.

31É por esse meio que governa os povos e fornece-lhes abundante alimento.

32Nas suas mãos esconde o raio e fixa-lhe o alvo a atingir.

33O seu estrondo o anuncia e o rebanho também pressente aquele que se aproxima.